Lago de rãs ameaçadas de extinção em Seropédica vira ponto de lixo
17/06/2025
(Foto: Reprodução) Área de preservação ambiental sofre com descarte irregular. Ibama cobra ações da concessionária responsável pelo Arco Metropolitano. Lago de rãs ameaçadas de extinção em Seropédica vira ponto de lixo
Uma espécie de rã que só existe em Seropédica, na Baixada Fluminense, enfrenta um novo risco de extinção. O pequeno lago que abriga os animais na Floresta Nacional Mário Xavier virou ponto de descarte de lixo. O local fica logo abaixo de um viaduto do Arco Metropolitano, rodovia federal que corta a região.
Plásticos, garrafas, pneus e outros objetos estão espalhados pela vegetação e boiando na água. A poluição ameaça o habitat das chamadas “rãs-de-Seropédica”, que medem apenas 2 centímetros.
“Ela existe em toda a região da Baixada. Porém, com o processo de urbanização das últimas décadas, a espécie foi sobrevivendo aonde restava algum tipo de vegetação. E aqui, na Floresta Nacional Mário Xavier, é a única localidade onde essa rã é localizada”, explicou Rogério Rocco, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) no Rio de Janeiro.
A proteção da espécie já havia sido motivo de preocupação durante a construção do Arco Metropolitano. Em 2009, o governo do estado precisou alterar o projeto da rodovia para construir um viaduto e evitar que a pista passasse por cima da área de preservação.
No entanto, o viaduto, que deveria proteger as rãs, se transformou em uma ameaça.
"A gente precisa, nesse trecho, onde tem o lago com as rãs e com os peixes, que sejam instaladas contenções nas beiras da rodovia para que não permita o despejo de resíduos a partir da rodovia. E precisamos de um projeto de recuperação de área degradada para que sejam retirados os pneus e outros resíduos que estão consolidados nesse ecossistema, sem que essa retirada seja mais um prejuízo no meio ambiente”, disse Rocco.
Espécie ameaçada, a rã-de-Seropédica mede apenas 2 centímetros e só é encontrada na Floresta Nacional Mário Xavier, na Baixada Fluminense
Reprodução/TV Globo
O Ibama notificou a concessionária EcoRioMinas em junho de 2024, exigindo a instalação das contenções no viaduto e a reparação dos danos ambientais. Na época, a empresa alegou que não havia previsão contratual para realizar as obras ou adotar medidas de recuperação ambiental na área.
O Arco Metropolitano é uma rodovia federal, mas a construção e o licenciamento ficaram sob responsabilidade do governo do estado. A obra chegou a ficar parada por alguns anos e a EcoRioMinas assumiu a gestão apenas em 2022.
Segundo o Ibama, parte das obrigações previstas no licenciamento original foi perdida ao longo do tempo.
“O problema é que esse vácuo de tempo em que ficou tudo parado acabou apagando da memória institucional os compromissos firmados na época do licenciamento. Então, a concessionária EcoRioMinas entrou para operar a rodovia sem as obrigações que tinham sido estabelecidas no licenciamento original. Mas é um passivo ambiental vinculado à rodovia, portanto, como operadora da rodovia, hoje esse passivo é de responsabilidade da EcoRioMinas”, afirmou Rocco.
Ele destaca que, após a notificação, a concessionária tem participado de reuniões e está elaborando um projeto de recuperação da área degradada. “Ela tem assumido numa velocidade menor do que a gente gostaria”, ressaltou.
A EcoRioMinas informou que reforça o compromisso com o meio ambiente e que segue em conversas com as instituições responsáveis para colaborar, de forma responsável e transparente, na diminuição dos impactos identificados.
O impasse continua, mas o Ibama lembra que a contenção só se tornou necessária por causa da grande quantidade de lixo despejada irregularmente no local.
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Garrafas, pneus e plásticos se acumulam no lago e na vegetação da floresta, poluindo o habitat das rãs e outros animais
Reprodução/TV Globo
O viaduto do Arco Metropolitano, construído para proteger a área de preservação, virou ponto de descarte irregular de lixo na Baixada Fluminense
Reprodução: TV Globo